terça-feira, 13 de maio de 2008

Amor quentinho

Um anjo veio me encontrar.
Senti suas mãozinhas quentes no meu rosto.
Ternura. Cafuné.
Amor quentinho.
Fazendo carinho até eu acordar.

Ontem, ele veio em um sonho.
Acho que era uma despedida.
Um abraço. um beijo.
E eu acordei.

( vem brincar comigo no meu sonho ,vem..)

terça-feira, 6 de maio de 2008

O Grão

Há de se renovar tudo em mim.
A água limpa e corrente.
Espero a chuva neste tempo de estio.
Ainda fértil.
Ainda espero.
Minha vida de grão, perdida pelo chão...
Há de amadurecer...
Há de crescer...
Há de florescer...
Grão sedento de vida.
Carente de grão
Seco e esperançoso.
Faminto e ansioso.
O grão, mais que um grão...
Tão belo, tão suave...
Tão grão...

( escrito assim, bem pequenininho , assim como o Grão )


Amor incondicional

Hoje sonhei com a menina dos olhos azuis.
Tão linda.
De vestidinho também azul.

Saudade, ficou para ontem e para sempre.

Talvez o amanhã possa dizer.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Anônima


Crianças na idade da pureza são muito semelhantes.Esta foto foi tirada em um bela e fria tarde de festa popular em uma praça da cidade.

(estava tão triste e tensa, mas as crianças me fizeram sorrir.
Passei anônima e incógnita, pela festa, pela praça, por entre as ruas, pelas pessoas, pelas famílias e pela dor.)

O poeta Herbert


Santorini Blues
Os barcos são a alegria deste lugar
Toda a tarde tem festa
Quando chegam no mar
Os velhos numa mesa
São como uma visão
Bebendo a tarde inteira
Cantando uma canção

Quem não tem amor no mundo
Não vem neste lugar
Quem não azul profundo
Não tem mais pra onde olhar
Quem tem medo
Traz no peito o óbulo da precaução
Eu trago um anjo nos braços
E ouro no coração

Izabel
Pense em mim
Nossos dias de sol
Eram assim

( do poeta Herbert Vianna, última faixa do álbum hey na na de 1998)

domingo, 4 de maio de 2008

As Fronteiras do Amor, uma história de amor entre joaninhas

Era uma vez...
"Uma" Joaninha que se apaixonou por "um" Joaninho.

Ela falava para ele:
_ Estou apaixonada por você !
_ Eu te amo !
_ I love you !
_ Je t'aime !

Ela achava ele "super d'accord" !!!

Mas, ele não ouvia.
Ele era surdo.
E acho que mudo também.
Ela não sabia e achava que ele era distraído.

Então ela começou a gritar:
_ Eu te amo, meu amor ! Você é o Joaninho da minha vida !
Até ficar rouca.

O Joaninho não respondia.
Ele sorria.
Não entendia, mas sorria.
Gostava de sua voz rouca.

Eis, que a Joaninha percebe.
_ Hum, ele não ouve.
E começou a fazer mímica para ele.

O Joaninho não respondia.
Ele achava estranho.
E o que era engraçado, começou a irritá-lo.

A Joaninha descobriu que o Joaninho, então seu grande amor,
não era cego, surdo e mudo como ela pensava.
Ambos eram disléxicos. Confundiam as cores.
Doença comum entre as joaninhas.

Eles perceberam que eram diferentes.
Ela era amarela com pintinhas roxas e ele vermelho com pintinhas marrons.
Falavam línguas distintas.
De origens diferentes.
Ela, das Savanas Africanas.
Ele, originário das Florestas Tropicais.

Descobriram-se
Libertaram-se.
Separaram-se e nunca mais se viram.

Ele continua seus "affairs" com joaninhas verdes de pintinhas douradas.
E ultimamente, tem sido visto com uma joaninha bem jovem, rosa com pintinhas verde-limão.

Ela fez suas malas.
De mochilinhas nas costas.
Decidiu colocar as patinhas na estrada.
E comprou uma passagem só de ida para Johhanesburgo.

O céu azul

Ontem.
Um dia lindo.
Friozinho, céu azul, lindo de se ver.
Início de outono.
Saudades da menina que está virando gente grande.
Do garoto que um dia vai crescer.
Da menina dos olhos mais azuis que já vi.
Mais bonitos que o céu de ontem.

Anoiteceu.
Frio. Frio.
Dormi encolhidinha.
A concha cheia de amor.
E eu me sentindo tão vazia.

Às vezes, falta água no poço.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

A Senhora Tristeza

Ele, o Amor, está indo embora. Devagarinho. Slow motion.
Só a tristezinha , assim, no diminutivo, bem "inha".
Tristezinha bonitinha, que já não me impede de sorrir.
Mais ausência que presença. Agora entendo.
Faltou o frescor de amor récem-colhido.
Semeado, adubado e regado a quatro mãos.
Era um amor pequenininho e o meu enorme.
Era o meu amor lindo, leve e solto.
Obeso. Gordo.
Rechonchudo.

( me sentindo "inha", depois da chuva)

quinta-feira, 1 de maio de 2008

A concha cheia do amor

Sempre me perguntei para onde vai tanto amor... quando o amor acaba...
Seja pela chegada dos Cavaleiros do Apocalipse, seja mais por ausência que presença, a falta de tolerância, a falta de paciência e a falta mesmo de amor.
Ou quando não podemos vivê-lo mais...
Sempre achei que este amor se evaporava.
Assim, volátil. Efêmero.
A concha vazia do amor.
Uns morrem de fome, outros de indigestão.
Esta dúvida me incomodava.

Enfrentei.
Sem armas ou armaduras.
De cara, coração e alma limpos.
De maõs vazias.
Me despi.
E assim, totalmente nua eu descobri o que é o amor.
Sem pudor, sem medo.
Sem cobranças, sem julgamentos.

Sim, ainda sim, o que eu tenho de amor é grande e dá para alimentar o mundo.
Doloroso, sim.
Porém, era preciso.
Eu, tão frágil e tão forte.

Eu vi o que meus olhos cegos me enganavam.
Percebi tristemente que eu não mais "sentia" os seus olhos.
Não eram mais os mesmos.
Ou é minha ótica que havia mudado.
Sem cumplicidade, nenhuma. Mais uma vez um engano.

Sempre quis o seu olhar de amor.
O mesmo olhar que eu dirigi a você, tantas vezes.
Aquele olhar de amor, que eu sempre te falei.
Sei que você não tem este olhar para mim.
Já não faz diferença.

Eu já acordei de madrugada só para te ver dormir, meu amor.

E falei, o que minhas palavras, antes tão ternas tinham a revelar, e elas eram mais ternas ainda.
Elas sempre foram doces.

Sim, meu amor é grande. Ainda belo e puro. Sincero.
Amor bonito. Amor bom. Enorme. Gigante.
Pulsando lua.
Que me faz esquecer mágoa, ressentimento e decepção.
De amores mofados. Amores fugazes.

E como é incomensurável o meu amor que preencheu a sala toda naquele momento.
Há uma tonelada em mim, embora seja tão leve e tão fresco o meu amor.
Me fez expô-lo antes de calar.

Só me ouça.
E cantei a mais linda das canções. O amor.
Entreguei toda a minha fragilidade de presente, estampada de beleza e transparência.
Tênue linha que separa o "mim" de "ti".

Sim, ainda amo sim. Muito.
O que tem de amor dentro de mim por você ainda é enorme...
E amo os pequenos. Louca e insanamente.
Amo muito. Muito.
E chove em mim por eles. Ainda.
Chove de saudades em mim.

E meu amor gorducho vai chover de saudades.
Ainda.

Um toque de tempo se passou.
E eu morri naquele abraço. Morri uma, duas, cem, mil vezes...
Abraço incógnito. Assustado.
Quase carinho. Abraço de urgência.
Estática e paralisada de dor e de amor.
E de um milhão de sentimentos confusos e debilitados com um só nome.
Fim.
Queria eternizar um tempo que não volta mais. O impossível.
Fiquei ali. Morta em seus braços.
Velando um amor tão vivo ainda em mim.
Parti, pois sabia.
Eu havia sobrevivido mais uma vez. E isto me faz crer.
Amor, ainda, sim.

Choveu. Choveu. Choveu. Muito.
Naquele pedaço da Paulista, eu era uma paulista em pedaços ou só um pedaço de gente.
Chovia a cântaros e a cântaros eu também chovia.
Lá fora chovia.
E chovia também em mim.
Eu chovi, chovi, chovi.
Doída e dolorida.
Fera ferida e machucada.
Exagerada, vestida de desespero.
A chuva cessou.
Não mais que 10 minutos no tempo da terra, uma eternidade no tempo da dor.
E meu corpo seco parou de chover.

Me sentindo mais mulher do que nunca.
Forte, leoa.
Vesti o luto. Tristeza.
Pronta para o sepultamento.

Noite de ressaca.
Exausta de tanto chover em mim.

Eu tenho ouro no coração.
E isto nunca vai mudar.

Este amor puro e sincero mudou de nome e de lugar, mesmo sendo o mesmo e de nunca ter saído de mim.
O amor sempre fica dentro da gente.

Nesta noite a terra tremeu.

(O terremoto no Brasil de 2008 foi um sismo de 5,2 graus na escala de Richter, ocorrido em 22 de Abril de 2008, sentido em toda a região costeira e grande parte do interior dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Minas Gerais e Santa Catarina. O abalo não causou nenhuma morte ou ferido grave, porém danos leves foram causados a estruturas de varios edifícios.
O epicentro do terremoto foi localizado na região marítima a 270 quilômetros da Capital do estado de São Paulo, e a 218 km aproximadamente do litoral paulista. O fenômeno foi registrado às 21h00min48 e durou 3 segundos de acordo com o Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (UnB).)

( insônia, mais de 4 da manhã, 29/04/2008 )