segunda-feira, 17 de novembro de 2008

O Papai Noel, a velha e a criança

Hoje vi uma cena marcante.
Pequei por não estar como minha máquina.
Fotografei com meus olhos.
Eternizei o que vi em minha memória.
Juro que eu vi.
Cenário: instalação de Natal em um shopping.
Havia um boneco de Papai Noel gigante destes que se mexem e que falam mensagens natalinas.
Uma velha senhora muito simples de corpo miúdo, franzino, frágil, de chinelos de borracha, seu rosto enrugado e sofrido, suas mãos magras e ossudas pousadas na mão do boneco.
Ela falava, sussurava, chorava emocionada ao Papai Noel.
Gosto de acreditar que suas mãos pediam sua benção.
Gosto de acreditar que ao velhinho ela fazia seus pedidos.
Era a criança que era aquela senhora.
Era a fantasia.
Era a realidade fugindo do normal.
Era eu emocionada segurando o choro.
Fiquei assim admirando esta cena tão bela, tão triste.
E as pessoas passavam e riam e apontavam e riam debochadamente.
Quero acreditar que são os olhos que deixam de ver o que há de bonito, de belo, de terno, de amoroso, de gentil... Quero acreditar que esta cegueira coletiva seja temporária.
Ás vezes, penso que não há mais beleza na vida. Engano
Há ainda mais beleza na tristeza.
Quero acreditar que há sim, beleza.
Quero acredita que não eu seja uma sonhadora em vão.
Nunca desejei tanto que Papai Noel existisse mesmo, só para realizar todos os desejos desta velha senhora.
Mas, senão for o Papai Noel, será o Papai do céu.
Senão for nenhum deles, que seja o meu desejo atender a todos os pedidos daquela criança abandonada naquele corpo envelhecido.
( me sentindo impotente por ver aquela velhinha chorando. Triste. Belo )

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